Levando a mensagem

Levando a mensagem

Muitos de nós chegamos ao DASA totalmente derrotados e cansados de buscar respostas para o nosso terrível sofrimento interior, nos mais diversos segmentos da sociedade: medicina, psicologia, psiquiatria, religiões das mais diversas. Por ter tentado encontrar a resposta necessária e não ter conseguido obter nenhuma  muitos de nós chegamos totalmente descrentes e sem esperanças de que algo pudesse nos libertar de tamanho sofrimento emocional imposto pela nossa dependência. Entramos na sala abatidos, desconfiados e humilhados pela tremenda surra imposta pela nossa dependência. Então começamos a ouvir os depoimentos dos membros em recuperação e nos deparamos pela primeira vez, com pessoas que realmente entendem do que estamos sentindo, não de uma maneira letrada, mas de uma maneira marcada na carne e na alma, ou se preferir, no espírito. São pessoas simples, falando uma linguagem simples e de fácil entendimento.

Lembro-me bem do sentimento de esperança que senti ao ouvir os primeiros depoimentos dos companheiros…senti que estava no local certo e que aquelas pessoas realmente haviam passado pelo que eu estava passando, e o melhor de tudo, é que era possível notar a recuperação destas pessoas. Percebi então que se eu me entregasse de corpo e alma na freqüência das reuniões e no estudo da literatura eu poderia também me recuperar.

Com o esforço aplicado na prática do Programa de Recuperação de 12 Passos e com a ajuda dos meus padrinhos, consegui sair do fundo de poço e obter um despertar espiritual. A alegria e a sensação de paz que nunca havia experimentado antes são indescritíveis. O resultado dessa melhora brusca foi o que originou, no meu caso, a necessidade para levar a mensagem para aqueles que estavam sofrendo e que não sabiam da existência de uma saída da dependência de amor e sexo, através do o Programa de DASA.

Comecei a trabalhar no sentido de divulgar e estruturar o DASA na região. Lembro-me de que no início temia muito o fato de alguma coisa sair errada e atrapalhar o crescimento de DASA. Essa preocupação me fez tomar uma postura de paternalismo, o que gerou a quebra da unidade com alguns companheiros e por sua vez entre os primeiros grupos de DASA naquela região.

Senti a necessidade de um boletim informativo, onde pudéssemos ter depoimentos de companheiros em recuperação, onde poderíamos relatar as dificuldades, sintomas e histórias da nossa recuperação, bem como do crescimento de DASA. Daí surgiu “A JORNADA”. Outro fato que contribuiu bastante para o lançamento deste boletim informativo foi o fato de várias pessoas de outros estados onde não havia a existência de um grupo de DASA poderem manter contato com depoimentos de membros em recuperação. Eu pedia aos membros que escrevessem relatando suas experiências de recuperação, mesmo o interesse sempre tendo sido muito pequeno.

Hoje, analisando os fatos, cheguei à conclusão (esta é a minha opinião pessoal) de que este desinteresse pelo divulgação da nossa mensagem, da nossa experiência de recuperação, faz parte da nossa doença, do nosso padrão de anorexia.

Para terminar, deixo aqui uma matéria que recebi de um novato com quem me correspondia, trocando forças e esperanças. Ele demonstra bem a nossa chegada ao Programa, o que aqui encontramos e o preço a pagar pelo que nos foi dado de graça. Espero que ele sirva para despertar a tantos companheiros que ainda não perceberam a grande verdade: “É dando que se recebe”.

“Porque razão fomos escolhidos”

Deus em Sua sabedoria infinita selecionou este grupo de homens e de mulheres para ser o depositário de Suas bem-aventuranças.

Ao escolhê-lo para ser membro deste milagre Ele não se dirigiu ao orgulhoso ou ao afortunado. Ele foi em busca do humilde, do enfermo, do desafortunado, do desacreditado, do doente.

Em tuas mãos trêmulas e fracas Eu confiei uma verdade que vai muito além da amizade. A ti foi dado o que foi negado aos mais cultos dos teus conhecidos.

Estas coisas não foram concedidas aos cientistas, aos estadistas ou aos religiosos e pastores, mas a ti.

Este dom deve ser usado desinteressadamente. Traz com ele uma grave responsabilidade:

Nenhum dos seus dias deve parecer-lhe demasiadamente longo. Não alegue que o seu tempo é demasiadamente curto. Nenhum caso deve ser encarado como demasiadamente doloroso. Nenhuma tarefa demasiadamente dura. Nenhum esforço demasiadamente grande.

Deve ser usado com tolerância porque não foi limitada a sua aplicação a nenhuma raça, sexo, credo religioso ou condição social. E o que deve ser muito importante: seja prudente sempre que o triunfo acompanhar os seus esforços. Não atribua a sua superioridade pessoal. Lembre-se que somente pode elevar-se em virtude de graça.

Se EU quisesse que homens cultos realizassem a missão que lhe foi confiada, ela poderia ser entregue aos físicos e cientistas. Se EU quisesse dá-Ias a homens eruditos, o mundo está repleto deles, e certamente com melhores aptidões que você para realizá-las e seriam mais eficientes que você.

Você foi escolhido porque foi desprezado pelo mundo.

Guarde sempre na lembrança aquele dia em que você entrou pela primeira vez nesta Irmandade, disposto a abraçar o seu Programa de vida e ajudar a outros que ainda sofrem.

Não esqueça do carinho que você recebeu, quando você só recebia mal-trato,
Da compreensão, quando você era incompreendido,
Do respeito, quando você já não era mais respeitado,
Do estímulo, quando ninguém mais acreditava em você,
Do amor, quando ninguém mais te amava…

E passe a dedicar essa mesma compreensão, esse mesmo respeito, esse mesmo carinho, esse mesmo estímulo, esse mesmo amor, àquele que necessita.

Um anônimo agradecido